Ao comemorarmos o 103º Aniversário da Aviação Naval, é importante reconhecer e enaltecer todos – homens e mulheres – que fizeram parte dos efetivos ao longo desse mais de um século e que se dedicaram diuturnamente pela grandeza da nossa Aviação e, consequentemente, da nossa Instituição, sempre fiéis às sagradas tradições navais. De forma solene e especial, prestamos nossas homenagens àqueles que o fizeram com o sacrifício da própria vida no exercício da apaixonante arte de voar e o legado deixado, que se encontra imortalizado no Museu da Aviação Naval, recentemente revitalizado.
O nascimento da Aviação Naval, em 23 de agosto de 1916, com a criação da Escola de Aviação Naval, durante a gestão do Almirante ALEXANDRINO DE ALENCAR, foi precedido pela formação na França do primeiro piloto militar brasileiro, o Capitão-Tenente JORGE HENRIQUE MÖLLER, em abril de 1911.
A sua primeira fase histórica foi caracterizada pelo pioneirismo e pelo rápido desenvolvimento de suas atividades. Podemos destacar a participação de Aviadores Navais brasileiros em operações reais de patrulha em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, integrando o 10º Grupo de Operações da Royal Air Force, a criação do Correio Aéreo da Esquadra em 1919, tornando-se depois o Correio Aéreo Naval e a criação das Oficinas Gerais da Aviação Naval na Ponta do Galeão.
Foi extinta por Decreto-Lei em janeiro de 1941, com a criação do Ministério da Aeronáutica, entretanto, a Segunda Guerra Mundial logo apresentaria de maneira inconteste a sua real importância, em especial no oceano Pacífico, com as batalhas sendo vencidas pelos aviões americanos embarcados em porta-aviões. Em cumprimento à nova Lei, todo o acervo de aviões, bases e sobressalentes foi cedido àquele Ministério, além de pilotos e mecânicos.
A segunda fase inicia-se em 1952, com a recriação da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), inicialmente estabelecida em 1923. Naquela época, alguns eventos foram significativos para a reestruturação da Aviação Naval: em 1957, a criação e instalação do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval, na Avenida Brasil; a chegada do Navio-Aeródromo Ligeiro (NAeL) “Minas Gerais”, no início de 1961; e a compra de novas aeronaves.
Com um ambiente militar marcado pela disputa de uma discutível hegemonia no uso da asa fixa, em 1965, por força de Decreto do Presidente CASTELO BRANCO, a Marinha ficou restrita a operar apenas helicópteros.
No período de 1965 a 1997, a nossa Força desenvolveu intensamente o emprego da Aviação Naval, tanto no período diurno quanto no noturno, não somente a partir do NAeL “Minas Gerais”, mas também de escoltas dotados de convés de voo, ampliando significativamente a capacidade na guerra antissubmarino e antissuperfície, o que caracterizou a terceira fase da Aviação Naval.
A partir de um cenário político favorável, em 1998 foram adquiridos aviões, a fim de contribuir com a defesa da Força Naval no mar. Era o início da quarta e atual fase da Aviação Naval, devidamente autorizada por Decreto Presidencial. Pouco mais de dois anos depois, superando uma lacuna de mais de três décadas, foi realizado o pouso dos AF-1 “Skyhawk”, no NAeL “Minas Gerais”.
Em 2001, ocorreu a passagem de serviço do capitânia da Esquadra: o Navio-Aeródromo “São Paulo” passou a receber os nossos aviões, com a consequente baixa do saudoso “Minas Gerais”.
Em 2018, foi incorporado à Esquadra brasileira o Porta-Helicópteros Multipropósito “Atlântico”, após a baixa do “São Paulo”, descortinando um novo horizonte para a Aviação Naval, por meio do embarque dos helicópteros de portes variados, provendo uma imensa gama de tarefas em proveito da projeção de poder, ações humanitárias e auxílio a desastres naturais.
A América do Sul, o Atlântico Sul, a Antártica e os países africanos lindeiros ao Atlântico Sul detêm significativas reservas de recursos naturais escassos ao redor do mundo. Tal cenário poderá ensejar a ocorrência de conflitos, nos quais prevaleça o uso da força, ou seja necessário seu respaldo para a imposição de sanções políticas e econômicas. Dessa forma, a Aviação Naval, como componente da Esquadra brasileira, tem que estar pronta e adestrada para ser empregada.
A Alta Administração Naval tem renovado o inventário da Aviação com modernos helicópteros e aviões, o que nos traz a responsabilidade em mostrar que o investimento foi válido e nos encoraja ao empenho máximo na qualificação e operação dos equipamentos, para cumprirmos a nossa missão com profissionalismo e segurança.
Em futuro próximo receberemos os AH-15B (Cougar operacionais), os UH-17 (para operar na Antártica) e os aviões KC-2 (C-1A Trader). Ademais, encontram-se em processo de modernização: os helicópteros AH-11A “Super Lynx”, tendo uma unidade modernizada embarcada na Corveta “Barroso”, a caminho do Líbano; e os aviões AF-1B/C “Skyhawk”.
Não posso deixar de citar o estabelecimento do Grupo Executivo do Esquadrão de Aeronaves Remotamente Pilotadas e a futura criação do Grupo Aéreo Naval de Manutenção, em prol de uma manutenção moderna, unificada e eficaz.
E nesse contexto, além do Comando da Força Aeronaval, com suas dez Organizações Militares subordinadas, e dos briosos Esquadrões Distritais, merece destaque o indispensável apoio da DAerM nas atividades técnicas e normativas relacionadas à Aviação Naval, e do Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Marinha.
Às personalidades que receberão o Diploma do Mérito Aeronaval e a Láurea de Segurança agradeço as ações diretas e o apoio irrestrito à nossa Aviação Naval. As senhoras e os senhores fizeram a diferença!
Aos bravos e incansáveis Marinheiros Aviadores de outrora, carinhosamente conhecidos como “Velhas Águias”, que devotaram suas carreiras e parte de suas vidas em prol da Aviação Naval, a nossa eterna gratidão, admiração e reconhecimento. Tenham a certeza de que o caminho pavimentado no passado continua sendo diligentemente trabalhado no presente.
Aos militares e servidores civis que, direta ou indiretamente, hoje labutam em prol do engrandecimento da nossa Aviação Naval, o meu agradecimento pela dedicação e comprometimento. Aproveito a ocasião para concitá-los a manterem aceso o fogo sagrado, em quaisquer dificuldades vivenciadas. A exitosa história da Aviação Naval é construída diariamente, e os senhores e senhoras fazem parte dessa conquista.
No Ar, os Homens do Mar! Viva a Marinha!